quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Enfrentando meu pior fantasma

Quem nunca teve que lidar com seus fantasmas, ou não viu que eram seus fantasmas e sofriam sem saber, ou tiveram que enfrentá-los e também sofreram. Uma coisa é certa, o sofrimento.
Acho muito louco como a vida faz a gente encarar nossos fantasmas por bem ou por mal.
Lembro que sempre tive namorados ligados de alguma forma ao sexo, sempre indiretamente estavam ligados ao corpo de outras mulheres.
Um deles era professor de natação, aquilo me deixava insegura pois ficava imaginando como as meninas iam nadar, o tamanho do maio, ele sempre vendo as meninas nadarem com seus corpos praticamente expostos. Sofria pouco, mas o sentimento já existia.
Meu ex-marido era publicitário e surfista, estava sempre rodeado por fotos de mulheres peladas, por biquinis minúsculos na praia, enfim, já tinha consciência do tamanho do meu sofrimento, evitava pensar dessa maneira tão pequena mas era inevitável saber que ele veria muitas bundas, peito e bucetas, mas não tinha o que fazer e tentava não pensar tanto até que foi impossível e fui procurar terapia.
Comecei com freudiana, a psicóloga era bem legal, mas havia alguma coisa nela que me incomodava, e acabei trocando para a que estou até hoje, ela segue a linha Junguiana e Lacaniana.
A dor continuava e entendi que precisava mudar meus padrões, meus valores e muita coisa dentro de mim que tava uma bagunça só. Entendi que a terapia não tira essa dor, ela alivia e te faz entender o porque do sofrimento e com entendimento vem a capacidade de pensar e racionalizar, diminuindo a quantidade e a intensidade da dor.
Antes eu sofria dias, semanas e agora isso se limita a algumas horas, mas ele tá aqui, me incendiando.
Continuando... meu ex-marido, se tornou ex em todos aspectos, inclusive dessa preocupação que sempre me inundava. Percebi que não tinha controle de nada. Por tudo que passamos vi que eu me preocupando, ou não, só depende do respeito que o outro tenha por mim e vice versa. Que eu só me pré-ocupava.
Até conhecer meu marido com quem vivo hoje, fiz muita coisa, vivi muitas experiência loucas mas isso fica pra um próximo post.
Bom, conheci ele na terapia, que também era publicitário, mas muito diferente dos caras que eu conheço, com uma calma e com um respeito ao que as pessoas querem e são que me apaixonei na hora, a gente namorou, conversou, aproveitou e casamos.
E o que tem isso a ver com meus fantasmas, como vocês devem ter percebido, morro de medo e vivo numa prisão que eu mesma criei, tenho grande incômodo com o cara que eu gosto, que ele tenha olhares com algum cunho erótico pra outra mulher. Já pensei se é possessão, ciúme, insegurança, mas não acho que é nada disso, o que acho é que tem a ver com minha infância totalmente erotizada e ainda estou tentando saber como lidar com isso.
Há alguns meses ele disse que iria numa aula de desenho com modelo vivo, tentei levar numa boa mas a certificação que ele iria ficar vendo uma mulher pelada, tendo que olhar todo seu corpo foi muito pra mim e acabamos brigando, depois da briga veio a conversa e fiquei melhor em dizer o que eu sentia com isso. No final ele não foi e parecia que o assunto havia morrido por ali, mas logicamente como temos que encarar nossos fantasmas, semana passada estávamos numa exposição e quando tocou seu telefone eu perguntei se estava tudo bem e ele me respondeu que sim que era seu amigo confirmando o compromisso do dia seguinte para a aula de desenho de modelo vivo.
Nossa, parecia que meu corpo tinha saído de mim, e eu ali tentando fingir que tava tudo bem, que encarava na boa isso. Quando ele foi pra aula eu desabei e me deixei levar pela dor, as vezes isso é bem necessário.
Ele chegou a noite e eu perguntei como tinha sido, como funcionava a coisa toda.
Novamente brigamos e conversamos, mas desta vez a briga foi uma discussão de valores e foi bem mais na boa. Sei lá, entendo que não posso fazer nada apenas questionar meu sofrimento e enfrentá-los, tenho total consciência que ele não quer ter outra mulher, que ele não quer transar com ninguém, mas como é difícil saber que ele vai ter que desenhar o corpo de uma outra mulher, que ele vai ficar olhando com detalhes sua bunda, seu peito e sua buceta, provavelmente não com olhar erótico mas o olhar estará lá para ela, para seu corpo.
E olha que ironia, enquanto ele olha o corpo de outra mulher eu olho pro meu corpo interior, sem nenhum tipo de restrição, com a simples necessidade de saber quem é este fantasma que não deixa meu corpo, minha mente viver sem medo.

sábado, 21 de novembro de 2009

Preconceito

Hoje tava navegando pela net e sabe quando você vê um blog legal e ele leva a outro e a outro, enfim, cheguei num que chama Papo de Homem
http://papodehomem.com.br/por-que-muitos-homens-sao-refens-das-mulheres,
entrei pra que minha crença fosse confirmada.
Um blog com esse nome só vai ter mulher pelada, e a surpresa aconteceu rssss... Pô, o blog é muito bom, fala de várias coisas, um dos caras que se chama Gustavo Gitti, tem um olhar tão amplo, o blog é voltado ao masculino mas com a preocupação do feminino estar inserido. Achei bem tesão, e lógico que me fez pensar como fui preconceituosa, tem fotos de mulher, fala da playboy lógico, mas de uma maneira diferente, sei lá.
Fiquei pensando como o preconceito está incutido tão profundamente que a gente tem certas certezas... fiquei bem contente em saber que estava enganada, que fui preconceituosa SIM, admito.
Isso me esclareceu a grande necessidade que tenho de querer que essa guerra idiota homem x mulher acabe, por que é tão difícil andarmos juntos. Mulher não vive sem homem e vice versa. A gente se completa, o que um tem falta no outro e assim por diante.
Temos tanto a aprender, adoro quando me engano... Tanta gente odeia estar errada, mas confesso que prefiro errar do que algumas certezas chatas se concretizarem.
Torço cada vez mais para que nessas questões eu esteja enganada e que o mundo caminha para a igualdade entre homens e mulheres. Quando digo igualdade menciono isso tendo ciência que há diferenças, que elas precisam ser respeitadas, mas existem determinadas situações, ações e pensamentos que necessitam de mudança e as pessoas tem que refletir e ver até onde é realmente diferente e até onde pode e deve ser igual.

Decisões rápidas

Como a gente tem capacidade para lidar com tantas coisas loucas que acontecem no mundo, como o ser humano tem tantas opções e como se decidir por uma só, além de saber que esta escolha sempre é a que faz a diferença.
Vivemos numa cultura que a cada momento, cada segundo há novidades e tudo é tão rápido temos que escolher rápido também.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Programação Desigual

Quem já se pegou constrangido assistindo a certos programas? Estou em casa, zapiando a TV e de repente tem uma bunda na minha cara. Me pego sempre pensando por que os programas são tão voltados aos homens, será que realmente as mulheres não gostam de ver sexo (que se entenda não mulher pelada mas homem também), caras gostosos na TV, não há interesse ou será que elas tem vergonha de ver isso ao lado de seus namorados, maridos ou qualquer outro cara.
Vejo que em nossa cultura é tão natural a mulherada compartilhar outras mulheres ao lado de seus homens e por que elas não podem fazer isso. Já imaginou ter um canal onde tem homens bonitos quase sem roupa fazendo graça, como há inúmeras mulheres na TV.
Será que realmente elas gostam de ver outras mulheres peladas na TV como se fosse a coisa mais normal ou nossa cultura impôs isso.
Os homens cresceram vendo Playboy enquanto nós mulheres crescemos vendo Capricho, esperando o Príncipe Encantado.
Semana passada fui com umas amigas tomar breja e esse papo começou a rolar e uma delas me disse que quando passa uma mulher bonita na praia ela mesma fala pro marido
"- Olha que mulher bonita, nossa, mas a bunda dela é perfeita". E eu perguntei a ela, ele faz isso com você, aponta a bunda dos caras pra você ver como é bonita, e lógico que a respota foi não, imagina que ele faria isso.
E me pergunto por que continuamos perpetuando essa cultura onde os homens tem direito ao sexo, a liberdade, a qualquer momento tem uma bunda olhando pra ele e pra gente fica a responsabilidade de ser legal, de não ligar pra isso ou se ligamos somos chatas, bestas, ciumentas.
Antigamente eu achava que tinha que assistir ao Pânico, ao Gugu e sua banheira, ao Sextime do Multishow e agir normalmente, afinal sou uma mulher pra frente, sem preconceito, mas aquilo me agredia, me sentia mal e inferiorizada, olhava aquilo e me sentia um objeto e comecei a pensar que nenhum cara ficaria olhando outros caras pelados. Imaginem se fosse o contrário, tivesse os caras sem roupa diariamente expostos, qual homem olharia e assistiria um programa nesse molde da coisa.
Pois é, foi ai que resolvi que não precisava mais ter que assistir a programas assim, mas me dou conta que não tem como escapar, que ainda vai demorar muito pra isso tudo mudar.
Tenho vários amigos e amigas que compartilham minha opinião e o conselho que me dão é que a única coisa que posso fazer é mudar ao meu redor e é isso que estou fazendo com minha primeira postagem em meu blog. Tentando mudar ao meu redor e compartilhando isso saberei como as pessoas pensam e quanto ainda as coisas estão desiguais ou se as coisas estão caminhando mais rápido para igualdade nesse sentido.